sexta-feira, 26 de abril de 2013

Amor virtual…Solidão?

Acredito no amor. Acredito no amor de todos os jeitos, de todas as formas. Por isso  tenho também como amor verdadeiro o amor virtual. Lançar mão de argumentos racionais para a distância da carne para dizer que o fato de estar distante é mais fácil de enganar, que as pessoas não se conhecem e podem acontecer desilusões, desenganos… Acredito no amor virtual porque nada pode ser mais expressivo, mais verdadeiro do que conhecer alguém pela linguagem. Não há como me convencer do contrário, a ausência do calor humano na Web, a presença desconcertante de pseudônimos irônicos, das fachadas enunciadas denunciadas por aí. O que acontece na internet reproduz a vida com seus erros e acertos. O bom mesmo é não exagerar na desconfiança. Quem ama o outro virtualmente traz dentro de si expectativas, ansiedades. É como apresentar uma peça teatral de improviso  e, na querência da conquista do público, vai indo aos poucos acrescentando naturalidade à medida que o tempo vai passando, sem o medo e os avisos em falso das fisionomias. Na reciprocidade há a esperança de ser amado passa  a residir e se esquece as dores, os percalços da vida. A esperança aceita tudo e transforma tudo. Um gesto mais leve, uma resposta que aquece o coração, um adjetivo bonito numa frase,  a afetuosidade, pronto, o amor está instalado. O julgamento da aparência inexiste, existe sim o julgamento do que se imagina ser, do que se deseja, do que se cria do outro. Adivinhar é colocar asas nos pensamentos, e dar mais atenção  às impressões. Pode parecer alienação ficar horas diante de uma câmera e computador. Mas isso equivale a envolvimento, amizade, compromisso. É imaginar o perfume, seduzir lentamente. Qualquer paixão oferece sempre mais do que é pedido, solicitado. O amor virtual representa as preliminares nas relações: rodeios, educação, leveza. Há uma hesitação no falar e esta fala é devolvida no encantamento da persuasão. No amor virtual a linguagem é o corpo. E entregar a linguagem é esquecer de tudo lá fora para escutar os trovões, a chuva caindo. É puxar da memória as lembranças do sorvete, da bola de gude. Conversa-se sobre a meninice, cultivando a beleza do que nem tinha noção, sem sensações do ridículo, sem o sentimento de purificação. Abrem-se as guardas aos defeitos: a autocrítica em risos, a compreensão em cumplicidade.  É uma desatenção que converge numa meditação sobre si mesmo. E a vida vem para a superfície para ser contada e narrada. Amor virtual é primeiro conhecer um conjunto de palavras para depois conhecer o som do coração.
Alda Alves Barbosa

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